O desempenho das escolas de ensino médio no Índice de Desenvolvimento
da Educação Básica (Ideb), divulgado nesta terça-feira pelo Ministério
da Educação (MEC), foi classificado pelo movimento Todos pela Educação
como "uma verdadeira crise do modelo de ensino atual". Apesar de a média
geral ter sido atingida, ficando em 3,7 pontos (em uma escala que vai
até 10), o indicador caiu em relação a 2009 em 9 Estados: Acre, Pará,
Maranhão, Paraíba, Alagoas, Bahia, Espírito Santo, Paraná e Rio Grande
do Sul.
"Temos uma crise por duas razões: primeiro porque esta etapa acaba
recebendo o acúmulo das deficiências das etapas anteriores, ou seja, o
aluno chega com muitas lacunas de aprendizagem. Em segundo lugar, ocorre
um problema de estrutura. Temos um ensino médio com 14 disciplinas obrigatórias,
não se consegue aprofundar em tema nenhum, a fragmentação é enorme",
afirma a diretora-executiva do Todos pela Educação, Priscila Cruz.
Segundo ela, soma-se a esses fatores o desinteresse de boa parte dos
estudantes nessa etapa e a falta de professores para todas as
disciplinas, principalmente nas áreas de exatas. "Sabemos das
dificuldades, mas termos um retrocesso em 9 Estados é simplesmente
inadmissível". A diretora do Todos pela Educação defende ainda que a
média nacional - de 3,7 pontos - também é preocupante já que representa
um avanço de apenas 0,1 ponto em relação ao último levantamento, de
2009. "O retrocesso de uma edição para outra é um absurdo, mas também
não deveríamos ter essa estagnação. Estar estagnado é regredir porque o
nosso ensino é muito ruim, então, o mínimo esperado seria avançar".
Ela ainda cita o exemplo de Alagoas,
único Estado do País em que o desempenho do Ideb de 2011 foi inferior
ao registrado em 2005 para o ensino médio - de 3 naquela primeira
avaliação, passou para 2,9 no ano passado. "Isso é um problema de
gestão, porque recursos para investir todos os Estados têm. É muito
fácil sentar e formular planos, mas na implementação das ações que a
gestão aparece. E Alagoas não consegue implementar seus planos",
critica.
O secretário de Educação e Esportes de Alagoas, Adriano Soares, não
quis se pronunciar sobre os novos dados do Ideb. Sobre os problemas na
pasta, Soares admitiu os números negativos e disse que a educação
alagoana está sendo preparada "focando o futuro".
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Como discutir avanços para a Educação Superior se a educação de base continua parindo alunos deficientes?
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