Muitos séculos atrás, Aristóreles já afirmava: “todos os
homens, por natureza, desejam conhecer”. Se procurarmos nos
dicionários o significado da palavra conhecimento, encontraremos
definições como: ideia, noção, informação, saber, instrução e
perícia. Todavia, nada melhor do que recorrer aos gregos para uma
contextualização mais profícua. Segundo Saviani (2000, p. 19),
Em grego, temos três palavras
referidas ao fenômeno do conhecimento: doxa, sofia e episteme. Doxa
significa opinião, isto é, o saber próprio do senso comum, o
conhecimento espontâneo ligado diretamente à experência cotidiana,
um claro-escuro, misto de verdade e de erro. Sofia é a sabedoria
fundada numa longa experiência de vida. É nesse sentido que se diz
que os velhos são sábios e que os jovens devem ouvir os seus
conselhos. Finalmente, episteme significa ciência, isto é, o
conhecimento metódico e sistematizado.
O homem, ao buscar compreender seu entorno e apreender certas
realidades, produz conhecimento. Melhor dizendo, conhecimento é o
produto das relações humanas com a natureza (realidade natural) e
com os próprios homens (realidade social). E, ao juntarmos a
realidade natural com a realidade social, teremos a chamada prática
social.
Ao longo de sua história, o homem sempre procurou entender o mundo
ao seu redor. Assim, da incompreensão passou para o misticismo e,
mais recentemente, começou a buscar respostas que pudessem ser
comprovadas.
A busca pelo conhecimento envolve três elementos: o sujeito
cognoscente (que busca compreender, conhecer), o objeto do
conhecimento (um objeto de estudo) e o conhecimento. Esse
conhecimento, que é resultado das práticas sociais, pode ser de
duas formas ou tipos, conforme veremos a seguir:
a) Senso comum (conhecimento popular): o senso comum é o
conhecimento do povo, o acúmulo de tradições e experiências de
vida. Alguns julgam esse tipo de conhecimento como sendo acrítico e
superficial em sua abordagem, outros o veem como uma importante forma
de captação da realidade. Todavia, é uma forma de conhecimento
falível e inexata, conformando-se com a aparência.
b) Mitológica: o conhecimento através de fábulas e lendas.
Trata-se de um relato fantasioso que procura explicar algum fato da
vida ou fenômeno da natureza apelando para divindades.
c) Mágico: crença na possibilidade de produzir efeitos não
naturais. Não há consenso entre os autores acerca dessa forma de
conhecimento. Magia, bruxaria, esoterismo.
d) Teológica (religiosa): essa forma de conhecimento está
apoiada em doutrinas ditas sagradas, baseadas na crença da
existência de Deus e outras entidades. Está fixada no dogma, na
verdade irrefutável (ao contrário da ciência). Embora seja
sistemático, não é verificável.
e) Filosófico: reflexão humana, raciocínio lógico. É
fundamentado na razão, no discernimento entre o que é certo e o que
é errado. Trata-se de um conhecimento valorativo, racional, exato e
infalível (pois suas hipóteses não podem ser verificadas).
f) Artístico e literário: forma de cognoscibilidade
proporcionada pela arte. O objeto é interpretado pela sensibilidade
do artista e então traduzido em uma obra. Criatividade, imaginação,
habilidade.
g) Ideológico: objetiva legitimar um ponto de vista, incutir
um posicionamento em outros. Justificador, legitimador.
h) Científico: conhecimento sistemático caracterizado pela
análise, explicação, justificação, etc. Investigação metódica,
rigorosa. Lida com fatos (é real), pode ser verificada, é falível
(não é definitiva) e aproximadamente exata (pode ser alterada). Não
existem verdades absolutas. Todo enunciado científico pode vir a ser
alterado (o conhecimento não é estático). A produção do
conhecimento científico sempre está baseada em procedimento
metodológicos estruturados (método científico).
Referências:
AYALA,
Eduardo J. Z. Fundamentos da pesquisa em educação: prolegômenos.
Santa Maria: Edição do Autor, 2012.
COSTA, Marco Antonio F.
Da; COSTA, Maria Barrozo da. Projeto de Pesquisa: entenda
e faça. Petrópolis, RJ: Vozes, 2012.
SAVIANI,
Demerval. Pedagogia
Histórico-Crítica:
primeiras aproximações. 7. ed. Campinas: Autores Associados, 2000.